Alguns fatores, situações e condições podem ser considerados como
possíveis contraindicações gerais à administração de todo
imunobiológico e devem ser objeto de avaliação, podendo apontar a
necessidade do adiamento ou da suspensão da vacinação. Especial
atenção deve ser dada às falsas contraindicações, que interferem de
forma importante para o alcance das metas e dos percentuais de
cobertura dos grupos-alvo. Em geral, as vacinas bacterianas e virais
atenuadas não devem ser administradas a usuários com
imunodeficiência congênita ou adquirida, portadores de neoplasia
maligna, em tratamento com corticosteroides em dose
imunossupressora e em outras terapêuticas imunodepressoras
(quimioterapia, radioterapia etc.), bem como gestantes, exceto em
situações de alto risco de exposição a algumas doenças virais
preveníveis por vacinas, como, por exemplo, a febre amarela. As
contraindicações específicas relacionadas a cada imunobiológico estão
descritas neste manual. 2.1 Contraindicações comuns a todo
imunobiológico A contraindicação é entendida como uma condição do
usuário a ser vacinado que aumenta, em muito, o risco de um evento
adverso grave ou faz com que o risco de complicações da vacina seja
maior do que o risco da doença contra a qual se deseja proteger. Para
todo imunobiológico, consideram-se como contraindicações:
• a ocorrência de hipersensibilidade (reação anafilática) confirmada
após o recebimento de dose anterior; e • história de
hipersensibilidade a qualquer componente dos imunobiológicos.
Notas: • A ocorrência de febre acima de 38,5ºC, após a administração
de uma vacina, não constitui contraindicação à dose subsequente.
• Quando ocorrer febre, administre antitérmico de acordo com a
prescrição médica. • Não indique o uso de paracetamol antes ou
imediatamente após a vacinação para não interferir na
imunogenicidade da vacina. 2.2 Situações especiais São situações que
devem ser avaliadas em suas particularidades para a indicação ou não
da vacinação: • Usuários que fazem uso de terapia com
corticosteroides devem ser vacinados com intervalo de, pelo menos,
três meses após a suspensão da droga. Manual de Normas e
Procedimentos para Vacinação 67 Notas: • É considerada
imunossupressora a dose superior a 2 mg/kg/dia de prednisona ou
equivalente para crianças e acima de 20 mg/kg/dia para adultos por
tempo superior a 14 dias. • Doses inferiores às citadas, mesmo por
período prolongado, não constituem contraindicação. • O uso de
corticoides por via inalatória ou tópicos ou em esquemas de altas
doses em curta duração (menor do que 14 dias) não constitui
contraindicação de vacinação. • Usuários infectados pelo HIV
precisam de proteção especial contra as doenças imunopreveníveis,
mas é necessário avaliar cada caso, considerando-se que há grande
heterogeneidade de situações, desde o soropositivo (portador
assintomático) até o imunodeprimido, com a doença instalada.
• Crianças filhas de mãe com HIV positivo, menores de 18 meses de
idade, mas que não apresentam alterações imunológicas e não
registram sinais ou sintomas clínicos indicativos de imunodeficiência,
podem receber todas as vacinas dos calendários de vacinação e as
disponíveis no CrIE o mais precocemente possível. Notas: • Nestes
casos, busque informações em documentos disponíveis no site:
<www.saude.gov.br/svs>, tais como: • Manual dos Centros de
Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE); • Guia de
Tratamento Clínico da Infecção pelo HIV em Pediatria; e
• Recomendações para Terapia Antirretroviral em Adultos e
Adolescentes Infectados pelo HIV. • Usuários com imunodeficiência
clínica ou laboratorial grave não devem receber vacinas de agentes
vivos atenuados. • O usuário que fez transplante de medula óssea
(pós-transplantado) deve ser encaminhado ao CrIE de seis a doze
meses após o transplante, para revacinação conforme indicação.